ENTREVISTA COM ARTISTA ROSI COSTA
ARTES VISUAIS EXPOSIÇÕES EM JOINVILLE
Rosi Costa é artista visual e professora de pintura, desenho
e técnicas sobre tela. Graduada em Pedagogia e Artes Visuais com pós-graduação
em Metodologia do Ensino da Arte, atua desde 2001 no processo de orientação de
trabalhos em arte no seu ateliê em Joinville e participa de exposições
coletivas desde 2012. Rosi é uma das 25 artistas que participam da exposição "Memórias de Moças bem Comportadas" que está na AAPLAJ Associação dos Artistas Plásticos de Joinville até o dia 06 de abril.
Quem é Rosi Costa? Rosi é a pessoa que está sempre
buscando a si mesma, se conhecer para se liberar, vindo de uma família
católica, conservadora e machista, estou sempre desconstruindo dentro de mim,
normas, padrões, regras e reconstruindo novas ideias, acredito que o auto conhecimento
promove a liberdade, não que eu acredite que exista tal liberdade, mas buscando
uma liberdade interior.
Quando você começou a se interessar por arte e qual foi a reação familiar?
Sempre gostei de pintura, queria aprender a pintar e me apaixonei e me
viciei (risos) minha família sempre me apoiou, sempre tive apoio, mesmo quando
comecei a trabalhar com outras linguagens.
Qual é a sua formação artística? curso superior em Pedagogia (Facinter) e Artes Visuais (Aupex) pós em arte-educação (Facinter) Casa
da cultura Fausto da Rocha Junior estudei desenho, pintura e história da arte
Que artista influenciou seu pensamento? Impressionista
Monet, Ibere Camargo (expressionismo) (modernista) Anita Malfati.
Quem são seus artistas favoritos explique porquê? Os
artistas citados acima, Monet pela pesquisa, cores, luz, movimento, Ibere
Camargo, a espontaneidade, Anita Malfati, as deformações, a coragem de inovar e
ir contra os padrões. Performance, Berna Reale, Sergio Adriano, Priscila dos
Anjos e Franzoi, todos tem coragem de expressão, sabem o que estão fazendo e
são humanos, generosos.
Onde você encontra inspiração para o seu trabalho? Nas
minhas inquietações, nas minhas desconstrução internas, na minha não aceitação
de verdades absolutas, no sofrimento psicológico por gênero, e outras mulheres.
Como você descreve o seu trabalho? Expressivo, meu espelho, onde eu me
expresso, me olho, me descubro e me reconstruo, onde eu coloco as minhas
indagações, minhas insatisfações, minhas revoltas...
Como é o seu processo criativo? Começa com alguma inquietação que brota dentro
de mim, que pode nascer de uma memória, ou vivência minha ou de outra mulher.
Como surgiu a ideia para "Memórias de Moças bem
Comportadas"? A associação veio com a proposta e eu achei linda, porque no
dia das mulheres, 25 mulheres juntas, era tudo o que precisava acontecer na
cidade, então quando vieram com a proposta eu aceitei na hora, o
autorretrato partiu da máscara, da janela. Quando estava tudo certo com o
autorretrato eu tive que pensar na outra sala, onde eu tive a chance de me
expressar com a performance e sair de um trabalho acadêmico, e uma coisa acabou
ligando a outra, o autorretrato que fala de solidão, estava ligado com a
performance que eu ía fazer com a Rosi, quem é a Rosi no momento que está
sozinha, no momento que está se autoconhecendo?
Em que momento se sentiu reconhecida como artista? Um tempo
atrás eu fiz uma exposição com uma série de bolsas, e chegou o Tirotti, que é
um artista muito generoso e disse que era uma pena que essa série não tivesse ido para o circuito catarinense de artes, que está série só
não estava no circuito porque é um trabalho de 2013, naquele momento eu fiquei
feliz , me senti reconhecida, vi que meu trabalho tem um valor. Porque no
inicio dos meus trabalhos eu desenhava e pintava só para mim, eu nunca mostrava os minhas telas para ninguém, então pensar que meus trabalhos sim poderiam estar em um circuito tão importante me deixou feliz. Tem pouco tempo que comecei a me
reconhecer como artista, foi a partir dos meus trabalhos com as bolsas, esse
simbolo forte representa o meu trabalho.
É possível viver só de arte no Brasil? É possível mas é
difícil, são poucos privilegiados que conseguem, a maioria vai para o ensino,
ou já tem um trabalho estável. No meu caso a arte vem por amor, eu nunca penso
meu trabalho como comercial,eu penso o meu trabalho como expressivo.
Como você vê o futuro das artes? Eu acho que estamos vivendo
um momento bem triste de retorno ao conservadorismo e isso é muito ruim para a
arte.
O que você estuda? Como você se atualiza? Eu faço parte do
Laboratório de Artes com o professor Gleber Pieniz, onde trocamos ideias, e o
Gleber esta sempre abrindo nossos horizontes,ele nunca olha o meu trabalho e
diz que está bom e ponto, ele diz que está bom porém vai colocando
questionamentos em relação a proposta, dialogando, acho ele um grande
profissional. Sempre estou estudando, lendo livros, na internet, eu
preciso estar sempre estudando, porque se eu não estiver aprendendo algo novo,
eu fico triste, deprimida, parece que esta faltando alguma coisa na minha vida.
Estudar faz parte da Rosi.
Como você aproveita o seu tempo livre? Meu tempo livre eu
estou estudando, pesquisando, ou estou produzindo, eu não paro nunca.
Obra para a exposição "Memórias de Joinville"
Qual foi a sua exposição mais importante? Foi a exposição 10
x 15 na AAPLAJ, porque a partir daquele momento a bolsa vermelha ficou
tão forte no meu trabalho.
Onde as pessoas podem adquirir suas obras? Através do meu
ateliê.
Fale um pouco sobre o seu ateliê? É um espaço muito
especial, é o meu cantinho, é onde eu posso ser eu, aqui é o meu espaço.
Uma Palavra: Autoconhecimento.
Quais foram os seus principais desafios para se estabelecer
como artista? Enfrentar os meus medos, o maior desafio foi sempre lutar comigo
mesma.
Participa de alguma associação artística? Sim da AAPLAJ
Associação dos Artistas Plásticos de Joinville.
Intervenção Urbana " A bolsa vermelha"
Zoobotânico
Como você vê as tecnologias digitais? Estou me apropriando
de muitas linguagens novas, não gosto de ficar presa ao cavalete, por isso
estou abrindo esse leque ,e eu quero pensar mais sobre essas ideias e colocar
no meu trabalho.
Na arte o que é mais importante para criar uma grande obra -
a técnica ou o amor? Com certeza o amor, também pesquisa, expressão, isso é mais importante do que a técnica. O amor vem antes da técnica.
Alguns artistas curtem ouvir músicas durante o processo
criativo, com você funciona da mesma forma? E na sua playlist o que não pode
faltar. Quando eu estou produzindo eu amo o silêncio, agora se eu estou dando aulas eu preciso estar com alguma música tocando. Eu tenho escutado muito palestras de autoconhecimento.
Após "Memórias de Moças bem Comportadas" na
AAPLAJ, já tem projetos futuros? Sim, na AAPLAJ já temos alguns projetos, e eu vou continuar com a minha intervenção artística, tenho uma ideia de um cubo que eu estou trabalhando para uma próxima performance, estou com muitos trabalhos,aguardem novidades!
Obra da artista para a exposição "Memórias de Moças bem Comportadas"
Performance de Rosi Costa na exposição "Memórias de Moças bem Comportadas"
Performance "Solidão Cíclica"
Como funciona a sua cabeça no momento de começar uma obra?
Existe uma sequência racional ou seu processo é totalmente intuitivo? Meu
processo é intuitivo e também racional, hoje eu faço muito mais pesquisas,
estudos, eu escrevo sobre o próximo trabalho, antes era mais intuitivo porque
eu sempre fui muito ansiosa, então eu pensava em uma ideia e ía com tudo, me
jogava.
O que te inspira no dia a dia? O que me inspira é escutar histórias de mulheres e eu trabalho tudo isso com expressão. O que move o meu trabalho são as agressões psicológicas, agressões que você olha para uma mulher e ela parece que está muito bem e ela está sofrendo, estou com um novo projeto com uma amiga psicóloga, nós estamos estudando, escrevendo projetos pra fazer um trabalho voluntário, com grupos de mulheres, onde vamos buscar empoderar estas mulheres psicologicamente, onde ela começa a ficar mais fortalecida.
O que falta atualmente para incentivar mais o gosto dos
jovens pelas artes?
Com esse retorno ao conservadorismo, a maioria dos jovens estão muito preconceituosos, já tive até um relato de uma jovem aluna minha, que já me conhecia de um projeto que eu faço em escolas de levar o meu trabalho para os alunos conhecerem, bater papo com os jovens, falar sobre a minha poética, e antes de eu iniciar este projeto, acreditava que estes problemas que eu falo que as mulheres enfrentam fosse muito da minha geração, achava que não existisse mais tanto esse sofrimento, mas tem. Indo para as escolas e conversando com as meninas, elas falam por exemplo que o irmão de 11 anos pode sair a hora que ele quiser de casa, e ela com 17, não pode. Então hoje ainda tem. A minha aluna disse que gostou muito desse trabalho e afirmou que falta muito isso para os jovens, eles terem mais espaço , mais contato com a arte. Hoje essa aluna esta aqui comigo, penso que ela é uma privilegiada, ela esta tendo esse contato com arte, e eu não ensino só desenho para ela, nós conversamos sobre as questões da arte, sempre abrindo os horizontes. O que falta para os jovens se interessarem por artes são mais oficinas, projetos, mais acesso a arte fora da escola, porque queira ou não queira o sistema acaba engessando. E hoje os jovens estão muito ligados em tecnologias, onde as coisas são muito mais rápidas, e isso acaba com que ele ache a arte chata.
Com esse retorno ao conservadorismo, a maioria dos jovens estão muito preconceituosos, já tive até um relato de uma jovem aluna minha, que já me conhecia de um projeto que eu faço em escolas de levar o meu trabalho para os alunos conhecerem, bater papo com os jovens, falar sobre a minha poética, e antes de eu iniciar este projeto, acreditava que estes problemas que eu falo que as mulheres enfrentam fosse muito da minha geração, achava que não existisse mais tanto esse sofrimento, mas tem. Indo para as escolas e conversando com as meninas, elas falam por exemplo que o irmão de 11 anos pode sair a hora que ele quiser de casa, e ela com 17, não pode. Então hoje ainda tem. A minha aluna disse que gostou muito desse trabalho e afirmou que falta muito isso para os jovens, eles terem mais espaço , mais contato com a arte. Hoje essa aluna esta aqui comigo, penso que ela é uma privilegiada, ela esta tendo esse contato com arte, e eu não ensino só desenho para ela, nós conversamos sobre as questões da arte, sempre abrindo os horizontes. O que falta para os jovens se interessarem por artes são mais oficinas, projetos, mais acesso a arte fora da escola, porque queira ou não queira o sistema acaba engessando. E hoje os jovens estão muito ligados em tecnologias, onde as coisas são muito mais rápidas, e isso acaba com que ele ache a arte chata.
Que mensagem você deixa para os jovens que querem ingressar
nas artes?
Eu falei sobre isso com um grupo de alunos de uma escola que veio fazer uma visita aqui no meu ateliê, se você for para a arte, vá com amor, com amor a suas ideias, com amor a humanidade. O jovem tem que entrar na arte por amor e com amor e não pensando em ganhar dinheiro.
Eu falei sobre isso com um grupo de alunos de uma escola que veio fazer uma visita aqui no meu ateliê, se você for para a arte, vá com amor, com amor a suas ideias, com amor a humanidade. O jovem tem que entrar na arte por amor e com amor e não pensando em ganhar dinheiro.
Deixe uma mensagem final ao nosso blog. Estou muito feliz que vocês estão com esse blog, precisamos de pessoas que amam arte, pessoas comprometidas com a arte, e que divulguem nossos trabalhos, parabéns!
FORMAÇÃO ACADÊMICA
Graduação em Artes Visuais – Uniasselvi Centro Universitário
Leonardo da Vinci Pólo Joinville , 2015
Pós-graduação em Metodologia do Ensino da Arte – Facinter
Curitiba, 2012
Graduação em Pedagogia – Facinter Curitiba, 2010
FORMAÇÃO COMPLEMENTAR
Laboratório de Arte – Associação de Artistas Plásticos de Joinville,
com Gleber Pieniz, 2018
Oficina de Arte Terapia: Máscaras e o Arquétipo da Persona –
Espaço Tera Pura, com Psicólogo Clínico Gean Carlos Ramos, Joinville, 2017
Oficina de Cianotipia: Blueprint – Associação de Artistas
Plásticos de Joinville, com Lilian Barbon, 2017
Oficina Repensando a Paisagem – Associação de Artistas
Plásticos de Joinville, com Fábio Salum, Joinville, 2017
Oficina Fotoperformance: Imagem filosófica do corpo – –
Associação de Artistas Plásticos de Joinville, com Sérgio Adriano, 2017
Projeto Schwanke para os Bairros – CAD Univille, Joinville,
2017
Curso de Arte Terapia – IPED, São Paulo, 2015
Curso de atualização em Arte Contemporânea – – Associação de
Artistas Plásticos de Joinville, Linda Poll, 2013
Curso de História da arte, Desenho e Técnicas de pintura – Joinville,
2006
Curso de texturização em tela – Ateliê da Casa, Ulisses de
Andrade, Joinville, 2004
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Professora de pintura em tela, textura, colagem e desenho
Ateliê Rosi Costa (desde 2001)
Colunista no Portal Fazeraqui, Joinville (desde Agosto 2017)
EXPOSIÇÕES COLETIVAS
Memórias de Moças bem-Comportadas
Associação dos Artistas Plásticos de Joinville (março/2018)
Exposição Bolsas
Gabinete Prefeito, Prefeitura Municipal de Joinville
(fevereiro/2018)
Memórias de Joinville
Shopping Garten (Janeiro 2018)
Pequenas impressões
Associação dos Artistas Plásticos de Joinville
(Dezembro/2017)
Intervenção Artística
Subida do Mirante Joinville (Dezembro/2017)
Mostra sem Censura
Coletivo Nacasa – Florianópolis (Outubro/2017)
Semana Portinari
Casa de Portinari – Brodowsky (Agosto/2017)
Ocupação Contemporânea III
Associação de Artistas Plásticos de Joinville (Julho/2017)
Além do 9 x 12
Associação de Artistas Plásticos de Joinville (Abril/2017)
Ocupação Contemporânea II
Associação de Artistas Plásticos de Joinville (Novembro/2015)
Gosto
Associação de Artistas Plásticos de Joinville, com orientação
de Linda Poll (Dezembro/2013)
Exposição e bate papo com professoras da Rede Pública
Municipal
Biblioteca Pública Municipal de Joinville (Setembro/2013)
Objeto Quase-cadeira
CAD da Univille, com orientação de Linda Poll – Joinville
(Abril/2013)
Associação de Artistas Plásticos de Joinville, com orientação
de Linda Poll (Dezembro/2012)
COORDENAÇÃO OU PARTICIPAÇÃO EM PROJETOS
Flores: Um outro olhar
Projeto alunos Ateliê Rosi Costa
Espaço Cultural Capitão Space – Joinvile (Novembro/2015)
O que move o mundo
Projeto alunos Ateliê Rosi Costa
Espaço Cultural Câmara de Vereadores de Joinville (Novembro/2014)
Mulheres em Joinville
Espaço Cultural Capitão Space – Joinville (Março/2014)
Arte na escola
Exposição de pintura de mural e bate papo com alunos
Escola Estadual São Francisco Xavier – Joinville (Novembro/2013)
Exposição itinerante Faculdade Cenecista de Joinvile
Biblioteca Pública Municipal de Joinville (Setembro/2013)
Ida e Vinda no tempo
Projeto alunos Ateliê Rosi Costa
Espaço Cultural Shopping Cidade das Flores (Agosto/2013)
Mulheres em Joinville
Espaço Cultural Câmara de Vereadores de Joinville (Julho/2013)
Vida Nova – Despertar para arte
Orientação em história da arte, leitura de imagem e fazer
artístico para pessoas com deficiências mentais
Comunidade Sagrada Família de Joinville (Agosto/2012)
O blog ARTES VISUAIS EXPOSIÇÕES EM JOINVILLE, agradece a participação da artista Rosi Costa e também a sua gentil recepção que tivemos em seu ateliê, desejamos sucesso a talentosa artista e reiteramos que este espaço esta livre para divulgação de seus trabalhos.
O blog ARTES VISUAIS EXPOSIÇÕES EM JOINVILLE tem como objetivo divulgar as exposições de artes que estão em exibição em Joinville e também entrevistar os artistas revelando os talentos que temos aqui na cidade dos príncipes.
Gratidão pelo espaço e pela oportunidade, parabéns pelo trabalho de vocês de divulgar a arte da cidade
ResponderExcluirSucesso a vocês pessoas talentosas
Obrigada pelo carinho que me dispensaram
Beijos
Este comentário foi removido pelo autor.
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