ENTREVISTA COM A ARTISTA PLÁSTICA NAZARÉ LISBOA
ARTES VISUAIS EXPOSIÇÕES EM JOINVILLE
ARTES VISUAIS EXPOSIÇÕES EM JOINVILLE
Artista Nazaré Lisboa
Quem é Nazaré Lisboa? Nasci em São Paulo, capital, em plena Avenida Paulista, há 68 anos atrás. Há vinte anos, mais ou menos, decidi mudar de vida. Optei pela maravilhosa Santa Catarina, primeiro experimentei uma vida alternativa em São Francisco do Sul, depois me apaixonei pela simpática Joinville.
Como a arte entrou em sua vida? Sou médica de formação, trabalhei quinze anos em saúde pública na periferia de São Paulo. Com um começo de depressão, resolvi mudar de vida. Em São Francisco dediquei-me a escrever. Escrevi e publiquei dois livros. Meu sonho sempre foi escrever e ilustrar textos, mas eu não sabia desenhar. Em Joinville uma amiga me falou de uma professora, SôniaRosa, que era capaz de ensinar qualquer pessoa a desenhar.
Qual é a sua formação artística? Foi lá, no ateliê da extraordinária SôniaRosa, que aprendi a desenhar e observar obras de arte.
Que artistas influenciam seu pensamento? Sempre me impressiono com a capacidade que o artista tem de enfeitar a realidade com poesia. Percebo isso em livros que eu li, letras de músicas e mesmo pinturas. É essa habilidade que procuro desenvolver. Falar de uma pessoa que me influencia mais do que outra é difícil. Hoje para mim todo esse encantamento forma um conjunto de possibilidades.
Quem são seus artistas favoritos explique porquê? Sei muito pouco sobre artes visuais. O espanto é a minha sensação mais comum diante de uma pintura. Fico imaginando como a pessoa chegou àquela imagem. Fico embasbacada com o apuro técnico necessário para tal. Assim, gosto de quase tudo que eu consigo observar. Também aqui é muito difícil eleger artistas favoritos.
Onde você encontra inspiração para o seu trabalho? Por ser a primeira fonte de arte que conheci, a literatura foi sempre o que mais me influenciou. Transcrever uma sensação essa é a idéia. Essa sensação pode estar associada a qualquer assunto. Atualmente estou direcionada a descrever a poesia que existe na biologia, ou fisiologia do corpo humano. Por isso preciso sempre desenvolver minha capacidade de observar desenhos para assimilar novas possibilidades.
Como você descreve o seu trabalho? Para utilizar uma palavra que está na moda hoje, meu trabalho é bizarro. Escrevi um livro "Magias do Corpo” que associa a ciência, ou seja conhecimentos de biologia mesmo, a histórias fantásticas e textos sobre os mistérios da vida. Eu gostei muito, mas segundo meu editor, um livro difícil de classificar. Tem muitas ilustrações, mas não é só de desenho, tem contos, mas também não seguem os padrões de um conto clássico, tem filosofia de vida, mas também não posso classificá-lo como auto ajuda. Resumindo é uma distorção da realidade e uma fuga dos padrões existentes. Conseguir passar uma idéia fantasiosa através de um texto com ilustrações perfeitamente ajustadas a ele, esse é o meu trabalho.
Como é seu processo criativo? O desenho foi para mim uma maneira de eu desenvolver o auto conhecimento. O desenho é sempre um desafio: eu preciso pensar que devo me superar, para conseguir o resultado que espero. Preciso escolher o tema, procurar um modelo e imaginar o desenho pronto. Para os textos é mais complicado depois de ter uma idéia estaparfúdia (todas elas são). Fico diante de um problema: Como passar isso para uma outra pessoa, que não está conectada no meu canal, nem a minha realidade? Começa o desafio. Que linguagem usar, desenho? texto? Os dois? E por aí vai. Começo o trabalho e aí vou percebendo se minha idéia original está aparente, deixo o trabalho uns dias e depois volto a ele. Ainda percebo a sensação que queria passar? Está bom? Se não está, procuro outra maneira de traduzir minha idéia primeira. Muitas vezes abandono o projeto no meio.
Em que momento se sentiu reconhecida como artista? Eu fiz um curso "on line" de desenho gráfico para principiantes. No fim do curso o professor deu muitas dicas de como se tornar um profissional. A primeira e mais importante é: assumir que você sabe fazer um desenho. Percebe? A mesma necessidade de se auto conhecer e de se sentir artista. Na verdade eu ainda estou numa fase em que eu acabei de me sentir artista. Assumi esse papel para mim. (risos) O reconhecimento talvez venha com o tempo. Sempre preciso aprender a desenhar. Eu comprei três cursos on line, mas só fiz um. Preciso fazer os outros. Agora me interessei também por astrologia, por causa desse momento.
Qual sua opinião sobre os salões de arte? Não frequento muito. Como não estudei arte, não sei apreciar os detalhes. Quando vejo artistas falarem sobre arte, percebo isso.
Qual sua opinião sobre as galerias virtuais? Também não frequento.
Como você aproveita o seu tempo livre? Se estou em casa estou desenhando, ou estudando no computador. Quando saio, faço mais passeios contemplativos.
Qual foi a sua exposição mais importante? Acho que foi a primeira. A coletiva “Memória de uma moça bem comportada”. A primeira é sempre a mais importante.
Onde as pessoas podem adquirir suas obras? Tenho dois livros publicados na “Simplíssimo Editora”. São eBooks, não imprimo mais meus livros. Magias do Corpo - Nazaré Lisboa https://simplissimo.com.br/onsales/magias-do-corpo/ Reflexos - Contos Românticos - Nazaré Lisboa https://simplissimo.com.br/onsales/reflexos/ Mas eles estão também em qualquer livraria: Amazon, Apple Store, Livraria Cultura etc. Fiz também um perfil no Face só da minha atividade artística: Nazaré Lisboa Lisboa lá estão muitos do meu trabalho de desenho.
Participa de alguma Associação Artística? Participo da AAPLAJ - Associação dos Artistas Plásticos de Joinville
Como surgiu a ideia para a exposição “Proibido para Menores de 18 anos, Favor não insistir”? Sou contra qualquer proibição. Depois que se proíbe alguma coisa, a curiosidade aparece, a necessidade de burlar a regra também, decorre daí comportamentos abusivos e doentios.
Conte para nós um pouco da sua rotina no seu ateliê? Trabalho em casa, normalmente à tarde. Umas três ou quatro horas ao dia.
Como você vê as tecnologias digitais? É o que de melhor a ciência inventou. A tecnologia digital irá nos salvar dessa grande desestabilização. Não tem como um artista ignorar as possibilidades de criar utilizando as ferramentas digitais. Trabalho muito no computador, com desenho e textos.
Na arte, o que é mais importante para criar uma grande obra - a técnica ou o amor? Primeiro vem o amor, você deve se apaixonar pelo seu projeto. Depois vem a técnica, quanto mais você se aperfeiçoar mais recursos terá para desenvolver suas idéias.
Alguns artistas curtem ouvir músicas durante o processo criativo, com você funciona da mesma forma? E na sua playlist o que não pode faltar? Ah! Música é o alimento da alma! ADORO a música do YES grupo de rock inglês de 1970. As letras falam de percepções maiores. Ouço também clássicos Bach, Beethoven e outros.
Como você definiria a palavra talento? Todos temos, mas ele é uma luz tênue, interna, para que ela brilhe você precisa experimentar o silêncio e a escuridão. Desligar-se dos outros, do que existe ao redor é um bom caminho.
Como funciona a sua cabeça, no momento de começar uma obra? Existe uma sequência racional ou seu processo é totalmente intuitivo? Os textos são frustrantes na maioria das vezes. Tenho a idéia, fico fermentando ela dentro de mim, mas sei que vou demorar muito a executar. Os desenhos são um pouco mais rápidos, mas sempre preciso me acalmar e me policiar para fazer o passo a passo. Esboço, escolha das cores etc.
Qual o seu próximo projeto? Para quando podemos esperar um novo trabalho seu? Vou fazer um desenho para a próxima coletiva da AAPLAJ. Estou pensando, também, em escrever um novo texto maluco sobre o corpo humano, daí a frustração, pois escrever é muito cansativo, mas carregar a história pulsando dentro de você é desgastante, é como uma gravidez, que você não sabe quando vai terminar.
O que te inspira no dia a dia? O movimento da vida. A vida não pára, sempre evolui, sempre melhora. Que mensagem você deixaria para os jovens que sonham em ingressar nas artes? Larguem tudo que estão fazendo, arregacem as mangas, sujem de tinta suas mãos, calcem sapatos com asas, libertem-se, desenhem, pintem, cantem e dancem. A vida sorrirá para você.
O que não foi perguntado e que você gostaria de dizer? Não sou desenhista, não sou escritora. Eu sei desenhar e sei escrever Sou uma pessoa sensível e quero através de meu trabalho expandir a beleza da vida.
Deixe uma mensagem final ao nosso blog. Muito obrigada pela oportunidade de me apresentar a essa comunidade artística maravilhosa de Joinville.
Currículo: Exposições coletivas
Memórias de Moças bem Comportadas
Proibido para Menores de 18 anos, Favor Não Insistir
O blog ARTES VISUAIS EXPOSIÇÕES EM JOINVILLE tem o objetivo de divulgar e apoiar as exposições de artes que estão em exibição em Joinville e também entrevistar os artistas, revelando os talentos que temos aqui na cidade dos príncipes, registrando este belo momento que vivemos no cenário artístico Joinvilense.
